Relíquias 1
Continuo quase sem divulgar este meu blogue, posso mesmo adiantar que apenas uma meia dúzia de pessoas têm conhecimento dele, que apenas uma leu alguma coisa e uma outra somente leu os títulos. Foi precisamente essa, a que só leu os títulos, que, há umas semanas, comentou, com toda a franqueza, que não percebia porque é que eu me dava ao trabalho de escrever aquilo e perguntou-me mesmo se achava que alguém se interessaria por aqueles meus escritos. Confesso que fiquei um tanto chocada, mas respondi-lhe que era a mim que interessavam aqueles escritos, que gostava de escrever sobre alguma coisa do que ainda me lembrava.
Mas, desde então, tenho pensado bastante no que ela me disse: de facto, para quê?
Entretanto, uma outra das amigas, daquelas que só têm conhecimento da existência do blogue, veio visitar-me e trouxe-me algumas relíquias fotográficas dos nossos tempos de juventude trabalhadora. Fiquei espantada porque não me lembrava nada daquelas fotos e, pior ainda, muito pouco dos momentos que retratam. Felizmente, ela teve o cuidado de datá-las e situá-las e assim, embora alguns dos locais sejam evidentes, ajudaram-me a reavivar memórias.
Então pensei na resposta que dei à amiga que não encontrou qualquer interesse no que eu para aqui escrevia e decidi que, enquanto acreditar nisso, os meus escritos vão continuar e estas fotos reforçaram a minha decisão. Escolhi esta para primeira, embora tenha outras anteriores.
Entretanto, uma outra das amigas, daquelas que só têm conhecimento da existência do blogue, veio visitar-me e trouxe-me algumas relíquias fotográficas dos nossos tempos de juventude trabalhadora. Fiquei espantada porque não me lembrava nada daquelas fotos e, pior ainda, muito pouco dos momentos que retratam. Felizmente, ela teve o cuidado de datá-las e situá-las e assim, embora alguns dos locais sejam evidentes, ajudaram-me a reavivar memórias.
Então pensei na resposta que dei à amiga que não encontrou qualquer interesse no que eu para aqui escrevia e decidi que, enquanto acreditar nisso, os meus escritos vão continuar e estas fotos reforçaram a minha decisão. Escolhi esta para primeira, embora tenha outras anteriores.
Agosto de 1974 - Alameda D. Afonso Henriques
Estávamos no ano da Revolução, ainda tão fresca e promissora, e muito felizes por trabalharmos ali, na Caixa do Comércio, tão próximo do Instituto Superior Técnico, um dos focos revolucionários. À excepção de uma, as colegas que estão comigo na foto, continuam a ser algumas das minhas queridas amigas. As quatro que estamos juntas, também trabalhávamos juntas, quer dizer, na mesma secção; a que está mais desgarrada pertencia a outro serviço mas era uma rapariga muito sociável e muito bem disposta, às vezes um bocado desbocada, mas não se lhe levava a mal. Convivemos mais quando se juntou a mim e a outra das retratadas (igualmente sociável e bem humorada), como trabalhadora-estudante. Até agora ainda não me esqueci das nossas hilariantes viagens no 2.º andar dos verdes da Carris, para o Liceu D.Dinis, onde iniciámos os então denominados complementares (em aulas nocturnas), melhor dizendo, o antigo 6.º ano liceal. Também me recordo bem de algumas peripécias que passámos quando regressávamos, perto da meia-noite, a casa... de uma vez em que chovia torrencialmente, o nosso professor de História (Dr. Barbosa ?),como já antes fizera, ofereceu-nos boleia até ao Areeiro e, a partir dali, foi essa colega que tratou de arranjar uma outra boleia com o primeiro carro que apareceu, um mini vermelho, conduzido por um rapaz que se prontificou logo a levar-nos. Fiquei com os cabelos em pé, cheia de receios, mas "embarquei" com elas na aventura porque estávamos a ficar encharcadas e, autocarros, nem vê-los! Para azar meu, fui a última a deixar o carro, no Cais do Sodré (que óptimo local, não é?), onde tinha de apanhar o combóio para a linha de Cascais. Mas o dito rapaz não queria deixar-me por ali, queria conversa, que naquela altura ainda não havia muitos maiores atrevimentos. Mas insisti que tinha o meu irmão à espera no combóio, agradeci bastante e lá me vi livre dele. Devo acrescentar que foi só nessa altura que ele ouviu o tom da minha voz, porque durante todo o tempo que estivemos no carro, as minhas duas colegas é que fizeram a "despesa" da conversa, foi ele mesmo que me fez esse reparo. Eu era, de facto, demasiado tímida e temerosa.
Recuo agora a 1972.
10-12-1972 - Castelo de Leiria
Ia no meu terceiro ano de trabalho naquela Instituição de Previdência, as amizades eram ainda recentes mas algumas, como já referi, perduram até hoje.
Ia no meu terceiro ano de trabalho naquela Instituição de Previdência, as amizades eram ainda recentes mas algumas, como já referi, perduram até hoje.
Não consigo recordar pormenores mas esta ida a Leiria fez parte de um passeio que alguém organizou e que nos levou também a Coimbra, Conimbriga, Batalha e Tomar, durante, talvez, um fim-de-semana. Era um grupo grande, não só constituído por colegas de trabalho mas também por amizades e familiares de alguns. Tenho mais fotos desse passeio, se conseguir passá-las para aqui, ficarei satisfeita. Escolhi esta porque, desde essa altura, não me lembro de ter voltado a Leiria. Parece incrível, mas é verdade, talvez tenha já passado por lá, mas não permanecido. Por isso não me lembro quase nada da cidade nem do Castelo.
Curiosamente, a amiga que me trouxe as fotos, decidiu mudar-se para Leiria, depois de muitos, muitos anos a viver em Lisboa e arredores. A foto não está muito nítida, aliás como quase todas, mas dá para ver quem está. Uma das colegas, infelizmente, já nos deixou, e duas outras não faço ideia por onde andam.
10-12-1972 - Conimbriga
Sempre consegui inserir mais esta, aos poucos vou descobrindo a melhor forma de lidar com isto.
10-12-1972 - Conimbriga
Sempre consegui inserir mais esta, aos poucos vou descobrindo a melhor forma de lidar com isto.
Aqui estamos nós, o núcleo de amigas que tem envelhecido ao mesmo tempo sem se ter perdido muito de vista, ou antes, sem ter perdido contacto, porque vermo-nos não é muito frequente, a não ser no caso da amiga do lado esquerdo, a tal que se mudou para Leiria, mas que ainda aparece por cá de vez em quando.
De Conimbriga, também não retive nessa altura, grande coisa. Fiquei a saber que se tratava de um local de vestígios de uma cidade romana, como havia outros na Península Ibérica, mas não me lembro de ter dado a devida importância àquele, mais ou menos, amontoado de pedras, ainda mal explorado e estudado. Na altura, não fazia ideia de que viria a interessar-me, e muito, por tudo o que dissesse respeito ao nosso património histórico e à História, e orientasse, nesse sentido, as minhas escolhas para o futuro.
Durante a realização da minha licenciatura (de 1976 a 1981) e depois já no exercício da minha actividade docente voltei lá, claro, como não podia deixar de ser para uma pessoa que tinha optado pelo estudo da História e o seu ensino, e então fui vendo tudo com outros olhos. Também levei lá os meus alunos e procurei que vissem o que eu não vi da primeira vez que lá fui e já bem mais velha do que eles. Resta-me a esperança de que algum desses alunos se tenha interessado por aquele património, quanto mais não seja, pela sua preservação.
Dou-me conta de que tenho estado a evitar escrever os nomes das minhas colegas e amigas. Quando iniciei o blogue, não me preocupei nada com isso e mencionei os nomes e apelidos das pessoas que estavam nas fotos ou que se relacionavam com alguma situação. Mais tarde, alguém me chamou à atenção que um blogue, mesmo que só o divulguemos a quem queremos, é sempre acessível a quem navega neste mundo virtual. Acabei por constatar isso mesmo quando, para minha surpresa, uma amiga a quem nunca tinha falado do blogue, me comunicou que o tinha visto, ou antes, o filho dela é que o tinha descoberto e lho tinha mostrado.
Dou-me conta de que tenho estado a evitar escrever os nomes das minhas colegas e amigas. Quando iniciei o blogue, não me preocupei nada com isso e mencionei os nomes e apelidos das pessoas que estavam nas fotos ou que se relacionavam com alguma situação. Mais tarde, alguém me chamou à atenção que um blogue, mesmo que só o divulguemos a quem queremos, é sempre acessível a quem navega neste mundo virtual. Acabei por constatar isso mesmo quando, para minha surpresa, uma amiga a quem nunca tinha falado do blogue, me comunicou que o tinha visto, ou antes, o filho dela é que o tinha descoberto e lho tinha mostrado.
Depois disso, revi alguns dos textos e retirei os apelidos, noutros casos fiz o que fiz agora, escrevi sem mencionar nome algum. Mas não gosto, parece que falta alguma coisa. Bem, acho que vou fazer assim: as amigas de que mais falei hoje aqui e estão nas fotos, são a Maria, a Mariazinha e a Aida. Pronto, já me sinto melhor!
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