A Grécia nos anos de 1986 e 2007
Atenas - Acrópole, 1986
Fui à Grécia, pela primeira vez, em Agosto de 1986, em viagem de grupo.
Viagem de trinta dias, em regime de campismo, por essa Europa fora, como já era habitual fazermos desde 1982. Noutra oportunidade explicarei como me meti nessas aventuras e como tudo funcionava.
Por agora, direi que, em 1986, o nosso objectivo foi visitar a Grécia e a Turquia mesmo que, para lá chegarmos, tivéssemos de percorrer muitos quilómetros em Espanha, França, Itália e ex-Jugoslávia. Claro que fomos aproveitando bastante para visitar ou revisitar, muitas localidades desses países.
Não é difícil de adivinhar o porquê de eu ter escolhido, nesta altura, escrever primeiramente sobre esta viagem: a Grécia, pelas piores razões, tem estado na ordem do dia desde há uns tempos, o que é lamentável e injusto.
Sinto muito que este país, berço da civilização ocidental e com um tão valioso património histórico, cultural, artístico, turístico..., se encontre na situação de quase bancarrota e seja encarado por esta comunidade, dita europeia, como um parente pobre, de que todos, incluindo nós portugueses, palermas, se querem distanciar.
Voltando à viagem: da primeira localidade grega de que me lembro é de Larissa (ou Larisa?!), onde entrámos numa tarde de domingo de imenso calor e depois de atravessármos estradas muito poeirentas e uma paisagem muita seca, a fazer lembrar o que também tínhamos por cá. Tudo fechado, à excepção de um lugar onde se vendia fruta e um Café onde pudemos tomar um café gelado e muito cremoso, que muitíssimo bem me soube, embora ao princípio relutasse porque habitualmente não bebo café. Seguimos em direcção a Volos, à procura de um parque de campismo que levávamos assinalado e que, afinal, ficava a 17 km dessa localidade. Chegámos muito ao final da tarde, mas foi uma ópitma surpresa porque se situava à beira de uma praia, em pleno Mar Egeu. Que belas águas quentes e calmas!
No outro dia, seguimos para Atenas, ou antes, para os arredores onde se situava o parque de campismo. Coincidiu que, num largo espaço ao lado do parque, estivesse a decorrer uma espécie de Festa ou Feira do Vinho, e então foi uma alegria para muitos dos meus companheiros de viagem, durante os dois dias, melhor, as duas noites, que lá pernoitámos. Havia provas de vinhos de todas as qualidades e mediante um pagamento à entrada, dávam-nos um copo ou pequena garrafa de vidro, para provarmos todos os vinhos que quiséssemos. Também provei, claro, e lembro-me que o n.º 11 era adocicado o que para mim equivalia a ser bom. Uma coisa que se notava era que todos eles tinham um travo a madeira, e disso não gostei muito.
De Atenas ficou-me muito pouco além da Acrópole e da zona envolvente, virada para o comércio turístico. Lembro-me de lojas repletas principalmente de belas cerâmicas em que, ao entrar-se, as tábuas rangiam e parecia que tudo se ia desmoronar. A Acrópole encantou-me e emocionou-me. Ver ao vivo aquelas colunas erguidas, aquelas ruínas, que só conhecia dos livros, foi uma experiência e tanto!
Como se vê pala foto, o Pórtico das Cariátides, assim como os outros monumentos perto, estavam rodeados de andaimes. Na altura, pensei que tivéramos pouca sorte porque um monumento em obras de conservação, fica sempre um pouco diminuído mas nem por isso deixei de apreciar e bastante. Saí de Atenas com o desejo forte de voltar, embora fosse incerto o quando. Visitámos outras cidades gregas, como Corinto e Tessalónica, com algum interesse esta última, mas nada que me impressionasse tanto como aquela Acrópole de Atenas. Das ilhas, só tivemos oportunidade de visitar Egina, principalmente a praia, onde me deliciei de novo com os banhos naquelas águas magníficas.
Atenas - Acrópole, 2007
Só pude voltar à Grécia em Agosto de 2007 - 21 anos depois!
O tempo do campismo já tinha ficado para trás há muito tempo, por isso esta foi uma viagem de agência, oito dias apenas, que incluía um cruzeiro mas que, curiosamente, também chegava à Turquia: Kusadasi e Éfeso.Viajei com um pequeno grupo de amigos, de que fazia parte também a minha sobrinha.
Pela imagem, pode verificar-se que os andaimes continuam lá pela Acrópole, admito que obras de conservação/restauro sejam constantes. Mas, de novo, me senti muito feliz por estar naquele lugar, apesar de não me sentir muito bem de saúde e o calor contribuir para piorar: eu andava com hemorragias nasais, que foram um tormento.
Desta vez a grande surpresa foi mesmo Atenas. Em 1986 eu não tinha visto praticamente nada da cidade e o pouco que vi deixou-me até desiludida, afinal era uma capital europeia...mas em 2007, que diferença! Uma cidade muito agradável, ruas cheias de gente, muito arborizada, o que era uma benção tendo em conta o calor imenso, com a típica Plaka muito acolhedora e animada, com a zona comercial muito mais organizada mas sem ter perdido o seu quê de antigo bazar a céu aberto. No centro, entre a Praça Syntagma e Monastiraki, há muitos recantos igualmente arborizados, povoados de pequenas e agradáveis esplanadas. Já não encontrei as lojas em que as tábuas rangiam com aquela quantidade enorme de cerâmicas expostas; fiquei sem saber ao certo se teriam mesmo desaparecido ou eu teria estado noutro lugar que desta vez não consegui localizar. Mas a igreja ortodoxa estava lá onde me lembrava, foi-me fácil reconhecê-la.
Atenas - Igreja ortodoxa
Tratando-se de cruzeiro, tive oportunidade de conhecer as ilhas de Patmos, Mikonos e Creta. Não pude desembarcar em Santorini porque, devido ao problema de saúde que já referi, tive de ficar no hospital do barco. Quem sabe, de uma próxima vez?!
Das ilhas, gostei bastante também, cada uma com seus pontos de interesse, como as baías e enseadas com praias de areia e rochas da pequena ilha de Patmos, os moinhos e as ruas estreitas com chão polido e brilhante de Mikonos, o Palácio de Knossos em Creta.
Patmos
Mikonos
Creta
Também fomos a Delfos, num dos dias em que estivemos em Atenas. Uma viagem de autocarro que demorou umas 2 horas. A guia levou-nos directamente ao Museu, de que muito gostei e onde tive pena de não poder estar mais tempo.
Delfos - Museu
De Delfos partimos para visitar as ruínas do Santuário de Apolo, situado no monte Parnaso. Havia tanto calor e tanto para subir que me fiquei cá por baixo, ou antes, a meia altura, e apenas vislumbrei as ruínas lá no alto. Fica uma foto do local por onde me deixei ficar.
Monte Parnaso - Santuário de Apolo
Oxalá a Grécia possa reerguer-se, oxalá eu possa voltar, não só para revisitar mas pelo muito que tem para descobrir.
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