Ir a Fátima
Este ano, no 13 de Maio, não houve peregrinos em Fátima. Coisa triste e inédita, em 103 anos de peregrinações. A Igreja entendeu por bem não autorizar a peregrinação, tendo em conta o grande risco de contágio pelo vírus que nos aflige a todos, aqui e no mundo.
Bem, mas a minha escrita sobre o assunto é porque dei comigo a recordar a minha primeira ida a Fátima, que foi também num dia 13, mas não de Maio, talvez de Julho ou Agosto.
Já fui muitas vezes a Fátima, mas não sei se mais alguma vez num dia 13, isso para evitar confusões de trânsito e de multidões. Passar lá a noite de 12 para 13, é que tenho a certeza de que nunca mais aconteceu.
Então essa primeira vez, deve ter acontecido no ano de 1958, o ano em que recebemos a visita do meu tio Chico e tia Lucrécia, residentes no Brasil; o meu tio Chico era irmão da minha mãe.
Foi por iniciativa desses meus tios que, juntamente com minha avó e tia Fernanda, no dia 12 de Maio nos metemos num táxi e lá fomos para Fátima. Se não estou enganada, o dono do táxi era um rapaz do tempo do meu tio, portanto seu conhecido.
Quando se ia assim a Fátima, levava-se farnel para dois dias e mantas para passar a noite dentro ou fora do carro. E assim fizemos nós também.
Lembro-me que enjoei muito na viagem, que tivemos de parar para eu vomitar, só o cheiro do carro já era suficiente para ficar mal disposta, além de que não estava nada habituada a viagens. Eu teria os meus nove anos e o mais longe que talvez tivesse ido, de carro, seria à aldeia da minha mãe que distava da cidade, 5 km. Aliás, era muito mais frequente irmos lá a pé ou de burro.
A ideia com que fiquei de Fátima, foi de um espaço muito grande, terra batida, cheio de gente, e de à noite se ficar por lá a rezar com as velas acesas. Depois chegava o momento de cada um dormitar um bocado, recostado nos bancos dos carros ou cá fora, deitados nas mantas. Era Verão, o tempo ajudava. Fazia-se pic-nic ali mesmo, conversava-se com este e aquele.
No dia 13 assistiu-se à Missa, à procissão e depois fomos à capelinha, muito pequena, onde nos ajoelhávamos numa almofadinha, sem demorar muito tempo. O terço rezava-se cá fora. Também visitámos a Basílica do Rosário, onde estavam os túmulos dos pastorinhos.
Não encontro qualquer foto a registar essa viagem. Também é de crer que este meu tio, ao contrário dos outros irmãos que também nos foram visitando ao longo dos anos, não seria muito dado às fotografias.
A única que encontrei, sem data, mas que me parece bem antiga e poderá ser dessa altura é esta:
Penso que esta estátua da Senhora não estará presentemente no recinto, pelo menos não me lembro de vê-la por lá.
Assim, toda branca, estaria mais próxima da visão que Lúcia descreveu, do que a imagem da capelinha.
A viagem de regresso, foi outro tormento de vómitos, mas chegámos sãos e salvos.
Como sempre, de cada vez que um dos meus tios residentes no Brasil, nos vinha visitar, lá íamos a Fátima e algumas vezes alargávamos o passeio. Foi o que aconteceu com a vinda do meu tio António (igualmente irmão da minha mãe), em 1968. Também, mais uma vez, o taxista era conhecido, penso que era do Alvendre e chamava-se Celestino. Desta visita a Fátima, com o meu tio António, resultou a visita a outras localidades, como Castelo Branco, e deste evento publiquei foto no item referente aos anos que vão até 1969.
Ele voltou cá em 1998, 2001 e 2003, juntamente com a minha tia Bete, fomos a Fátima de todas as vezes e passeámos por vários outros locais, tenho fotos, mas acho que não virei a colocá-las aqui.
Também o meu padrinho Romeu e a minha madrinha Elisa cá vieram, e Fátima sempre foi lugar de romagem. Já todos partiram.